quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

As Linhas da Dor - Felipe Amaral






As Linhas da Dor - Felipe Amaral



Ó destino revel que não me escutas!
Ó estrada tristonha que me privas
Do sorriso e da paz. Do amor te esquivas.
Não é dado ao meu ser vencer as lutas.


Meu futuro não vejo em minhas mãos.
Está sempre nas mãos de quem não tem
Piedade e a afronta me mantém
No exaspero de tempos vis e vãos.


Não adianta chorar. Gritar não serve.
Não mais posso na vida suportar
Dor tão forte. E eis o chão patibular
Da tristeza que mata d’alma a verve.


Sopros brandos de amor e de alegria
Não desfruto na vida que prossigo
A levar, que o temor me é por castigo
E o horror do marasmo me asfixia.


Clamo a Deus, mas não vejo solução
Que elucide o meu drama; e o desespero
Aprisiona-me em dor num destempero
Sem final que me traz desolação.


Sou um homem que sofre. E isso é devido
A um plano maior que não entendo.
Inquirindo (porque não compreendo):
Por que a dor? Findo, em lágrimas, detido.


Não sou mau. Não sou ser de causar dores.
Por que a dor me persegue deste jeito?!
Ó Senhor, tem piedade do imperfeito
Que te pede um alívio aos dissabores.


Caminhando, percebo que ninguém
Dá-me a mão. Ninguém vê. Ninguém me abraça.
O terror cotidiano me transpassa.
Um negror ao presente sobrevém.


Findo aqui. Findo sendo.. Fim da estrada.
Ó que mal! Mal cruel que me contrista!
Hei de ter o sorriso da conquista?
Ou o vil descalabro que degrada?

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