Quadras
Hediondas e Lutuosas
por Felipe Amaral
I
Catacúmbicos
vultos luciféricos
Peregrinam
nos cemiteriais
Campos
onde os destroços cadavéricos
Decompõem-se
em fossos sepulcrais.
Sombras
há que circundam os defuntos.
Gás
metano procede da imunda
Sepultura
onde jazem de pés juntos
Corpos
sujos; e a fetidez abunda.
Os
vampíricos corvos se aproximam.
Gralhas
negras crocitam ante a tumba.
Os
abutres se aninham e vindimam
Toda
a vitalidade, e o mal retumba.
Atro
luto. Funesto paradeiro.
Tudo
é dor pra o que chora o ser perdido;
Uma
lúgubre nuvem, nevoeiro
De
tormento mordaz nunca esquecido.
Vermes
vêm espreitar o falecido.
Larvas
querem do corpo a carne rubra.
E
o que a vida mantém logo elucubra
Sobre
a morte e agradece o ter vivido.
II
Vultos
hórridos passam pelas tumbas.
O
negrume da noite, em tudo, assombra.
Jaz
um corpo funéreo ante a alfombra.
A
calada adormece em catacumbas.
Almas
vagam em vias vicinais.
Na'alameda,
o temor pasma e congela.
Há
estranhos sinais que o ar desvela.
Bestas
vis. Demoníacos chacais.
Pontes
há que se infestam de hediondas
Criaturas
ferozes procedentes
Das
prisões infernais incandescentes
Que
rastejam igual as anacondas.
Sensações
vãs dominam-nos a mente.
Há
no peito um pulsar em agonia.
Frente
ao lar, uma fantasmagoria.
Trevas
densas que emergem lentamente.
Pelas
matas há vozes de abantesmas.
Confusão
há de sons indistingüíveis.
Um
temor sobrevindo às impassíveis
Horas
mortas, ensimesmando as mesmas.
...