quarta-feira, 20 de maio de 2015

Quadras Hediondas e Lutuosas - por Felipe Amaral



Quadras Hediondas e Lutuosas
por Felipe Amaral

I
Catacúmbicos vultos luciféricos
Peregrinam nos cemiteriais
Campos onde os destroços cadavéricos
Decompõem-se em fossos sepulcrais.

Sombras há que circundam os defuntos.
Gás metano procede da imunda
Sepultura onde jazem de pés juntos
Corpos sujos; e a fetidez abunda.

Os vampíricos corvos se aproximam.
Gralhas negras crocitam ante a tumba.
Os abutres se aninham e vindimam
Toda a vitalidade, e o mal retumba.

Atro luto. Funesto paradeiro.
Tudo é dor pra o que chora o ser perdido;
Uma lúgubre nuvem, nevoeiro
De tormento mordaz nunca esquecido.

Vermes vêm espreitar o falecido.
Larvas querem do corpo a carne rubra.
E o que a vida mantém logo elucubra
Sobre a morte e agradece o ter vivido.

II
Vultos hórridos passam pelas tumbas.
O negrume da noite, em tudo, assombra.
Jaz um corpo funéreo ante a alfombra.
A calada adormece em catacumbas.

Almas vagam em vias vicinais.
Na'alameda, o temor pasma e congela.
Há estranhos sinais que o ar desvela.
Bestas vis. Demoníacos chacais.

Pontes há que se infestam de hediondas
Criaturas ferozes procedentes
Das prisões infernais incandescentes
Que rastejam igual as anacondas.

Sensações vãs dominam-nos a mente.
Há no peito um pulsar em agonia.
Frente ao lar, uma fantasmagoria.
Trevas densas que emergem lentamente.

Pelas matas há vozes de abantesmas.
Confusão há de sons indistingüíveis.
Um temor sobrevindo às impassíveis
Horas mortas, ensimesmando as mesmas.

...