Atenta para a obra de Deus; porque quem poderá endireitar
o que ele fez torto? (Ec 7.13)
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
RF Amaral
1
Por que nosso corpo
tende
A inclinar-se à
vaidade
Que há na vil
dificuldade
Da qual o mundo
depende?
O orgulho é o que
nos prende
No que já se
decretou
E o que se
determinou
Não há como se
mudar!
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
2
A criatura se
infecta
No lodo langue da
inveja
E, assim, o peito
se abreja
Na fúria que se
detecta.
A alma tola conecta
O corpo ao que se
apegou
E a rotina assiste
o “show”
De brigas e
mal-estar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
3
É difícil achar
respostas
Para o complexo da
vida
E a dúvida é que
liquida
As hipóteses
propostas.
Não há lances nem
apostas
Neste jogo que
instaurou
No dia a dia o que
achou
De vir nos
degenerar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
4
Esta criação que geme
Não sabe a resposta
certa
E não se encontra
liberta
Daquilo tudo o que
teme.
Embora e por mais
que reme,
O homem nunca
chegou
Ao porto que
desejou
Só por muito se
esforçar!
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
5
Está mui longe de nós
A razão de ser do
mundo,
O sentido é mais
profundo
Que a nossa dúvida
atroz.
E, em meio aos
contras e os "prós"
Da discussão que
vingou,
Ninguém nunca se
encontrou
Satisfeito ao
acabar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
6
Podemos até dizer
Que o debate é
proveitoso,
Mas, ao fim, não
finda em gozo
O constante
debater.
Só depois de
perceber
No que o tudo se
tornou,
O meu ser se
conformou
A repousar e calar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
7
Por mais que a
inquirição
Seja sagaz e
sincera,
Nunca passará de
mera
Pergunta vã sem razão,
Já que a nossa
compreensão
Nunca, jamais
perscrutou
O cerne do que se
achou
A procurar
questionar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
8
Só Deus pode se
imiscuir
Na profundezas dos
fatos
E revelar em
relatos
Por onde devamos
ir.
Sem Deus não dá pra
sair
Do lugar onde eu
estou,
Por que meu ser se
apegou
À imperfeição sem
par.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
9
Não sei nem se nada
sei,
Visto a certeza ser
mera
Conclusão que se assevera
Sem a certeza da
Lei.
De certo, nem isto
eu hei
De comprovar, e,
assim, vou
Vivendo aquilo que
dou
Como certo sem
provar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
10
Nunca serei um agnóstico
Nem dado ao
Relativismo.
Fixo em um
Paradoxismo,
Eu sigo sem ser
pernóstico.
Não sei dar um
diagnóstico
Certo do que se
instaurou,
Pois, simplesmente,
não sou
Capaz de o
manifestar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
11
Pode parecer
loucura
O estado que
encontro tudo,
Mas há "indícios"
no estudo
Imparcial que se
apura.
Eu sei que a
batalha é dura
Para quem não se
atinou
Para este
"fato" que estou
A tentar
clarificar...
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
12
Falo muito, mas não
quero;
Busco, mas só quero
a paz;
Procuro e exagero,
mas
Condeno-me, ao que
exagero.
Tento muito, pois
espero
Desvendar o que
ficou
Oculto, mas sempre
estou
Propenso a
capitular.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
13
Olhe o espaço e
perscrute
O Cosmos que se
abobada.
Pra cada estrela
engastada
Há um "Quê"
que se discute.
Que o inquiridor
relute:
"De onde vim?
Pra onde vou?
Por que razão cá
estou?"
Sem Deus, nada há
de encontrar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
14
Por que me fizeste
assim?
Por que não estes
caminhos?
Por que colocas espinhos
Sempre diante de
mim?
Deixa-me viver
assim,
Pois logo logo me
vou.
Permite-me ir,
estou
Querendo me
libertar!
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
15
Onde está o
esconderijo
Escuro e inexpugnável?
O abismo negro
insondável
Onde encontre um
regozijo?
No vão ao qual me
dirijo
Você se refestelou.
Estás no espaço
onde estou
Em qualquer hora ou
lugar!
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
16
Quem poderá Te
dizer:
"O que estás
fazendo aqui?"
Quem se livrará de
Ti,
Procurando se
esconder?
Não há mais nada a
fazer,
Senão ver o que
restou
Deste mundo que
ficou
Entregue ao vão
tumular.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
17
As inquirições bem
podem
Deixar-nos loucos
ou sábios,
Mas as respostas
dos lábios
Razões finais não
acodem.
Boas perguntas
eclodem
Da mente do que
pensou.
Mas nunca se
divisou
Poder de as
elucidar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
18
Contemplo o
"azar" da lida,
O "acaso"
e seus filhos vãos,
E encontro tudo nas
mãos
Do Ser que a tudo dá
vida.
Minha força se
liquida.
O meu ser já se
esgotou.
Quero parar, mas
estou
Sempre pronto a
perguntar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
19
As lições que o
mundo ensina
Nunca são lições
completas,
Pois que se
encontram repletas
De manchas de vil
doutrina.
Nem o intelecto me
inclina
À solução que eu
estou
Sempre à procura, e
eu vou,
Porém, sem saber
chegar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
20
O que é o tempo do
homem?
Quanto ele pode
aprender?
Quanto a vista pode
ler
Co'os globos que se
consomem?
O que são seres que
comem
O que aqui já se
encontrou?
Seres sãos não se
avistou
Que possam se
recriar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
21
Cavalga a mula das
horas
Num trote de morte
e medo
E o homem se vai
bem cedo.
Não pode causar
demoras!
Vai como vão-se as
auroras!
Como o dia que
passou!
"Vê que em
ninguém se encontrou
Poder de o
perpetuar!"
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
22
Dias vêm e dias vão
Numa carreira sem rédeas,
Inflando as
tragicomédias
Da vida da criação.
Não há glória e
ostentação
Na guerra que se
instalou.
Ninguém ainda
inventou
Formas de
continuar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
23
Tudo, um grande
desmantelo.
Um desarranjo
mental.
Um complexismo
abissal
Que nos causa
pesadelo.
De onde veio o
desmazelo
Que este Universo
tornou
Descuidoso e afetou
O Mundo
Corpuscular?
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
24
Dá-me a resposta, ó
Espaço!
Dá-me a solução que
peço!
Inquiro, mas, sem
sucesso,
Recalcitro ante o
fracasso.
Diz-me, ó Universo
Crasso,
De onde, pois, se
originou
O erro que
ocasionou
Este Caos
Falimentar?
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
25
Grito, corro,
imploro, gemo,
Esmurro o ar,
debatendo-me,
Termino fraco,
rendendo-me
Ao que
"nego" e que mais temo.
Tremo ante um
desgosto extremo,
Frente a luta que
acabou
Por me esgotar e
vingou
Em vaidade vulgar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
26
Tudo é vão, vazio, é
nulo!
Os homens vivem de
contos!
Estão eles sempre
prontos
A idolatrar o que é
chulo!
Reflito, porém
engulo
O que o meu ser
divisou.
Não sei mesmo o que
eu estou
Fazendo neste
lugar!
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
27
Ao ouvir o
Eclesiastes,
Vi tudo que tudo é
ilusão.
Não há mesmo solução
Pra este e aqueles
desgastes!
Levados como em
arrastes
São os homens e eu
estou
Neste meio que
ficou
Sujeito ao
insalutar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
28
A dor a todos
consome
E o problema não vê
fim.
E, ante isso, eu
digo: "Ai de mim,
Mais um ser que a
terra come!"
Que tenha ou não
tenha nome,
Fato é Que o que
inoculou
A morte no que
formou
Quis a todos
castigar!
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
29
Procurei abrir inquérito
Contra isto que me
rodeia
(Posto que a
minh'alma odeia
Esta vivência sem mérito!)...
Cada presente e
pretérito
A minha mente
apurou,
Mas Moral não
encontrou
Para se justificar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
30
É que o Pó não me
traz Lei
Pela qual possa, em
Juízo,
Condenar, sem
sobre-aviso,
O Mal que aqui
encontrei.
Vi-me dentro do que
achei
Corrompido, e ainda
estou.
E, assim, meu ser
fracassou
No que achara
triunfar.
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
31
Minha busca acaba
aqui
Frente a dor deste
martírio,
Sem bálsamo, flor,
sem lírio,
Na sepulcral
bugari...
Misericórdia, eu, a
Ti
Peço - ante o que
se afirmou -
Ó Ser que tudo
criou.
Dá-me a Resposta
Exemplar!
Quem poderá
consertar
O Que Deus
desmantelou?
Nenhum comentário:
Postar um comentário